Estelita
Estelita Rosa de Jesus, mulher quieta, de sorriso tímido, mas guerreira. Baiana,
retirou-se da terra natal nos idos anos 60 acompanhando o marido e levando
as três primeiras filhas Marcolina, Altelina e Maria, em busca de melhores
condições de sobrevivência na terra prometida de São Paulo. Ah! Maria, é a
minha mãe. Outros filhos chegaram. Foramnove do ventre e uma do coração.
Já nos anos 90, numa cidade pequena de interior e num tempo em que
mulher divorciada era mal vista, Estelita superou tudo e todos, juntou alguns
pertences e o único filho solteiro e menor e mais uma vez deixou para traz
aquela vida de opressão e violência. Não foi vítima, pelo contrário, juntou toda
sua força interior e disse não às ordens para retornar à casa e assim iniciou um
novo caminho, o seu caminho.
Estelita, que significa pequena estrela, não usava calças, apenas vestidinhos
retos. Não foi alfabetizada e tinha dificuldade para falar algumas palavras.
Quando a timidez tomava-lhe os sentidos, desviava o olhar para os lados e
para baixo, mas quando ria, ah quando ria, emitia uma risada contagiante.
Mesmo com toda simplicidade cumpriu sua missão preanunciada em seu
nome, Pequena Estrela brilhou, iluminou e indicou caminhos. A benção vó.
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